quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Graças à revolución

   Investidores internacionais podem começar a pular: Cuba vai abrir as portas de seu fort - a Ilha Socialista decidiu se socializar com o mundo (desconsidero neste comentário seus antigos aliados de mesmo partido).
   Evolução econômica? Os irmãos Castro presenciaram uma teofania reveladora? Os charutos cubanos não vendem mais tanto quanto antes? Distante disso, apesar de este que vos escreve suspeitar da teofania - ou não lhes parece estranho que, após uma vida inteira, nosso hermaño Fidel convide um americano para sentar à sua mesa e confessa-lhe a invalidade de seu sistema-filho soberano?
   Devaneios ao lado, o que houve foi uma análise que a sociedade cubana já tem formulada há muito tempo e da qual nós, brasileiros, em nossa escala, podemos dizer com autoridade que conhecemos.
   Qualquer bom trabalhador brasileiro, seja ele pedreiro ou empresário, teve algum dia de enfrentar o burocrático sistema público (se você ainda não passou por essa provação, há de se preparar). E, como qualquer bom trabalhador brasileiro, já soltou seus jargões e elogios ao funcionário público sempre prestativo (quando quer) e pontual (em se tratando do seu encerramento de expediente). Pronto a aceitar as mudanças do seu serviço, ou seja, a aceitar as dezenas de pontos facultativos que lhes dão o “merecido” descanso, ficamos a mercê deste setor que não possui ambições de crescimento ou preocupação de demissão.
   Quadro posto ao leitor, transfiramos agora a imagem para outra moldura: Cuba, onde todos trabalham para o governo, ou seja, uma sociedade de funcionários públicos. Não que neste quesito eu possua autoridade dialética, nem se quer me lembro de ter conhecido algum cubano, mas fato foi a reforma que Raul iniciou nos últimos dias para despejar mais de quinhentos mil funcionários do governo. Grande ideia que deveríamos estudar, uma boa experiência para nossos amigos da prefeitura mais próxima. Nada como vivenciar um momento de crise interna e lutar pela garantia do emprego. Tirando isto, resta o cumprimento da carga horária e o nível de disposição com a qual o cidadão despertou no dia.
   Um “chacoalhão” no individuo para que ele aprenda a ter disposição de serviço e tenha que aprender a pescar para garantir seu peixe. Talvez os partidos socialistas devam reavaliar estes pontos antes de ameaçarem subir ao poder: vale à pena dar à sociedade segurança quando é a insegurança que nos faz lutar?
   Quem sabe o Lula, se Dilma subir ao poder, não possa ganhar de sua amizade com Cuba alguns conselhos como este e repassar à sua pupila: unindo esta reforma com os antigos ideais de FHC, poderíamos privatizar as unidades públicas e fazer engrenar a máquina burocrática brasileira.

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