Embora tema controverso, não arriscarei deixar passar a oportunidade de, em meio a euforia da festa política eleitoral, expor da maneira em que posso opinião sobre o direito a voto. Obrigatório, complementa a Constituição.
Aliviando-se do encargo de descrever o laudo histórico das eleições nacionais (para tal, indico o site do próprio de TSE que, apesar de ausentar a importância dos fatores corruptos nas eleições primordiais, traz detalhes interessantes da evolução dos processos políticos), me atenho aqui ao único fator importante para o caso: a qualidade dos representantes eleitos por uma nação obrigada a votar.
Sendo “direito” o voto, teria o cidadão poder para abdicar-se, expressando descontentamento com as figuras expressas. O pobre homem rural, muitas vezes isolado de qualquer contato político, desprovido de tecnologia ou conhecimento partidário, teria justificativa mais que válida para não largar seu arado a fim de ir ao colégio eleitoral. E cá estamos nós, milhares de cidadãos despreocupados e propositalmente alheios ao movimento administrativo far-nos-iam o favor de isentarem-se do direito do voto.
Neste processo de obrigatoriedade sem compromisso, muitos de nós somos arrastados pela corrente do “voto em qualquer um” ou no “voto em quem irá ganhar”, alavancando os pontos percentuais de muitos mensalistas, corruptos, bandidos, descompromissados e oportunos candidatos. Serão eleitos, então, os candidatos com melhor dinheiro investido em marketing (dinheiro da qual grande parte proveio dos nossos próprios bolsos), colocando a frente aqueles que mais distribuem panfletos ou melhor aplicam uma música ao seu número.
Não acreditava muito na serventia da “chuva de panfletos”, aquela torrente que cai em volta das avenidas e colégios na noite anterior à eleição, criando um tapete de propaganda política. Desmascarado o mistério, ela funciona sim para com este cidadão que vota pela obrigatoriedade: ouvi caso recente de uma funcionária (abstenho-me de enunciar a classe) que confessou não se lembrar dos candidatos em quem votara. “Peguei um papel do chão, entrei na escola e votei nos números que estavam lá. Depois joguei fora, nem me lembro quem eram”.
Dizem os apoiadores do voto obrigatório: “Nos Estados Unidos, 48% da população votou. No Brasil, por volta de oitenta por cento marcou presença nas urnas”. Calculou o defensor os votos brancos e nulos? Quem sabe poderia tê-lo feito, mas asseguro que não contou no caso os votos descompromissados, os votos-piada (não posto nome, mas posto número – 2222), os votos que nem sabiam que votos eram. Tão vantajoso seria para a democracia brasileira o voto realmente livre, da qual nossos candidatos deveriam prezar por conquistar o cidadão e valer para “criar” eleitores para si.
Faço meu cálculo aqui: um bom voto vale por dois. Se pouco menos da metade da população votasse de forma compromissada, haveria muito mais valor tal momento do que este que enfrentamos agora.
E que, obrigatório ou não, caminhemos neste processo eleitoral rumo ao crescimento do bem comum.
É país democrático é esse, nosso Brasil. Parabéns pelo escrito a respeito de nossas eleições. Você me surpeende meu filho, assim como seu irmão. Um grande abraço de sua grande admiradora. Sua Mãe.
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