terça-feira, 19 de outubro de 2010

JANUÁRIO DA AVENIDA [3]

   Januário acendeu outro cigarro, mal acabara de terminar o anterior. A rua onde sempre era encontrado sumiu subitamente, dando lugar a um bar três décadas atrás.
   Ele se sentia jovem novamente. Seu cabelo volumoso, seus músculos mais fortes. Lembrou dos seus momentos de glória, suas conquistas! Tinha todo o tempo do mundo para desfrutar!
   O bar lhe era familiar. Alguma coisa importante acontecera naquele local anos atrás. Estar ali significava que ele deveria repetir o hercúleo fato, re-consumando suas louváveis proezas para com a sociedade.
   Levantou-se, consumindo quase meio cigarro em uma única tragada. Arrumou as calças, que não precisavam ser extremamente curtas para não caírem; estralou os dedos.
   - Sou um jovem leão à caça! Quase posso me lembrar deste momento memorável em meu passado! – Sua voz não saía mais tão rouca, problema adquirido devido aos anos de hábito tabagista. Afinal de contas, naquela época não havia passado tanto tempo desde que começara a fumar. – Sim! Era eu quand...
   Uma briga entre motoqueiros começou ao fundo. Uma garrafa atravessou o bar num vôo invejável!
   Sim, aquele bar era exatamente onde Januário, trinta e cinco anos antes, recebera uma garrafada, lhe proporcionando onze pontos na cabeça e três meses encamado.
   Momento marcante na vida deste herói civil, que nem mesmo uma segunda chance lhe privou do fatídico transtorno.

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